segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Não Basta ser Crente: tem que Confiar, Esperar e Amar



Por Pr. Sergio Mamede Marin
O Apóstolo Paulo escreve, em I Co 13: 13, que a Fé, a Esperança e o Amor são permanentes, isto é, não passam com o tempo.
Procurando entender a razão que levou Paulo a chegar nesta conclusão, podemos observar que realmente estas três coisas tinham uma presença constante e marcante na vida dele, porém se faz necessário entender com um pouco mais de clareza estas virtudes que fizeram de Paulo muito mais que um crente.
Para melhor entendermos a fé de Paulo, não podemos pensar simplesmente no acreditar em algo ou alguém, é preciso entender fé no sentido de confiança. Este sentido é bem claro no livro do Profeta Habacuque, quando Deus diz para Habacuque que o justo viveria por sua fé (Hc 2:4).
Não tirar esta afirmação do contexto é o segredo para entender o significado de fé, que não só Paulo nutria em seu coração, mas que também nós temos que demonstrar se quisermos ser verdadeiros cristãos. Após o clamor do profeta por uma interferência de Deus, para que a situação de calamidade social em que estavam vivendo tivesse fim, Deus responde com a notícia do envio de um exército punidor e destruidor.
O coração de Habacuque estremece, e novamente clama a Deus. A resposta de Deus, a este segundo clamor do profeta, deixa claro que aquele que confiar em Deus e se deixar conduzir por sua justiça não sofrerá o dano da punição e também não será destruído. Assim entendemos que o mais importante na fé não é o acreditar em Deus, mas sim confiar Nele.
Paulo era um grande conhecedor das Escrituras e com certeza conhecia o livro de Habacuque, tanto que o cita várias vezes (Rm 1:17; Gal 3). Este conceito de fé fica claro quando escreve para Timóteo e diz que estava bem certo de em quem estava crendo, pois sabia que ele (Jesus) era poderoso para guardar seu tesouro (II Tim 1:12). Da mesma maneira, nós também devemos demonstrar confiança em Deus e em sua justiça, e não somente crer que Ele existe, devemos confiar que Ele é suficiente e capaz para conduzir nossa vida, e não somente crer no que Ele pode fazer.
Esperança.
Algo que podemos perceber com clareza na vida do Apóstolo Paulo é o que ele esperava de sua dedicação a Deus: a Vida Eterna.
Quando escreve aos Coríntios, Paulo deixa claro que, ainda que os muitos benefícios de uma vida controlada por Deus neste mundo presente sejam indescritíveis (II Co 4:7; 5:17-18), o que mais lhe importava era saber que não foi só para isso que Jesus morreu e ressuscitou, e que se sua esperança fosse somente a de vê-los transformados pelo poder do evangelho, ele seria um homem verdadeiramente digno de lástima (I Co 15:19), mas a certeza da vida eterna é usada para incentivar, não só os Coríntios, mas também a todo crente a ter uma vida abundante no trabalho cristão (I Co 15:53-58). Com certeza, era a esperança da vida eterna a grande força impulsionadora da vida produtiva e abençoada do homem, que com justiça, se colocou como exemplo de cristão a ser seguido (Fp 3:17; II Co 11:1).
Esperar a vida eterna é também ensinado pelo Apóstolo João, contemporâneo de Paulo. Em sua primeira carta, diz que todo o que tem a esperança da vida eterna busca estar cada vez mais compromissado com Deus (I Jo 3:3). e também mostra que a promessa que Jesus nos deu foi a vida eterna (I Jo 2:25).
Quando, como Paulo, também tivermos a esperança da vida eterna pulsando fortemente em nosso coração, nossa vida de cristão será mais verdadeira.
Amor
Muitas pessoas se frustram na vida porque julgam nunca ter alcançado o reconhecimento do qual se acham dignas. O ensino cristão, no entanto, nos aponta para outro lado (“…mesmo após haver feito tudo, considerai-vos servos inúteis” (Lc 17:10).) Paulo, por algumas vezes, precisou ser um pouco duro com algumas igrejas, porém nesses momentos percebe-se que o cuidado era em defender a verdade de seu ensino, e não sua própria pessoa (I Co 11).

Quem age por amor não espera reconhecimento público de seus atos. Em sua carta aos Romanos, Paulo ensina que Deus, por seu grande amor com que nos amou, enviou Jesus para morrer por nós, quando nós ainda estávamos mortos em nossos delitos e pecados (Rm 5:8 cf Ef 2:4-5).
Isto demonstra que o verdadeiro amor nos leva a agir não preocupados com o retorno que teremos com nossa ação, mas sim com o resultado que terá nossa ação. Jesus não se tornou mais Divino por ter se dado por nós (Ele sempre foi e sempre será), mas é incontestável o resultado maravilhoso de sua obra redentora.

O Apóstolo Paulo, com sua dedicação ao evangelho, não colheu, em seu tempo, nada que lhe fosse pessoalmente proveitoso, mas sim prisões, açoites, calúnias, abandono e por fim até a decapitação. Porém, hoje é praticamente impossível falar de Cristianismo sem citá-lo.
A nós ainda não foi exigida tal demonstração de amor (Hb 12:4) e, mesmo assim, por muitas vezes, temos agido de forma egoísta procurando nosso próprio proveito. Parece que o Evangelho de nossos dias está um pouco diferente. Mas ainda temos tempo (na verdade, é só um pouquinho) de, arrependidos, voltar ao primeiro amor.
Este artigo tem o objetivo de trazer a você, leitor, subsídios para que você não somente creia, mas que confiança, esperança e amor sejam virtudes permanentes em sua vida.
Deus te abençoe

Nenhum comentário: